segunda-feira, 27 de maio de 2013

Enter no Meio


não sei ou lembro quando
me apaixonei assim,
de quatro,
pois já nasci sabendo:
existir só
é possível
se você meter em mim.

mas nunca tivestes dó.
estuprou-me sem tocar,
fez doer a alma, para
depois
mostrar a porta de saída,
e me ver em luta para
ficar, mesmo assim.

jogou
fora minhas defesas,
ridicularizou convicções,
exigiu guerra e suor por ti.
dei
tudo, mas -
reconheço - recebi em troca.

ironicamente, após tanto
trabalho, o abandonei,
tecendo juras de desdém,
maldizendo nossas trepadas,
abrindo as
pernas a todo qualquer,
traindo a mim mesma.

porém, não aguento
mais meu amor
sufocado por ti. daí
não achar metades, pois
chupo
laranjas sempre meias, sendo
que já amei um inteiro

retorno,
porque me ensinaste: não
sou incompleta, pois
sentido é construção e amor
é escolha. volto ao lar, mesmo
temendo que já não
tenha palco para mim.

nunca dispensou noites comigo
- porém sei que um dia o fará.
sinto horror que seja hoje,
mas se for, não
negarei novamente
que, antes de ser triste, sou
atriz

saiba, apesar dos anos
que nos separaram,
não houve inspiração
em que eu não tenha
tentado transformar todo
ar em você, amado,
teatro. 

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