não
sei ou lembro quando
me
apaixonei assim,
de
quatro,
pois
já nasci sabendo:
existir
só
é
possível
se
você meter em mim.
mas
nunca tivestes dó.
estuprou-me
sem tocar,
fez
doer a alma, para
depois
mostrar
a porta de saída,
e
me ver em luta para
ficar,
mesmo assim.
jogou
fora
minhas defesas,
ridicularizou
convicções,
exigiu
guerra e suor por ti.
dei
tudo,
mas -
reconheço
- recebi em troca.
ironicamente,
após tanto
trabalho,
o abandonei,
tecendo
juras de desdém,
maldizendo
nossas trepadas,
abrindo
as
pernas
a todo qualquer,
traindo
a mim mesma.
porém,
não aguento
mais
meu amor
sufocado
por ti. daí
não
achar metades, pois
chupo
laranjas
sempre meias, sendo
que
já amei um inteiro
retorno,
porque
me ensinaste: não
sou
incompleta, pois
sentido
é construção e amor
é
escolha. volto ao lar, mesmo
temendo
que já não
tenha
palco para mim.
nunca dispensou noites comigo
- porém sei que um dia o fará.
sinto
horror que seja hoje,
mas
se for, não
negarei
novamente
que,
antes de ser triste, sou
atriz
saiba,
apesar dos anos
que
nos separaram,
não
houve inspiração
em
que eu não tenha
tentado
transformar todo
ar
em você, amado,
teatro.