quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Atriz Travestida de Poeta

Quando me penso resolvida em atriz
Pago pelo meu desdém por palavras.
Ansiando pelo despejo da cicatriz,
Deparo-me com o silêncio dos dedos.

O culpado és tu, caríssimo sentir!
Enquanto lágrimas embriagam a razão,
A felicidade ensurdece o bom senso.
Por que, então, não explica a que veio?

Se ao menos sussurrasse pistas sobre nós,
Em par, falaríamos o que somos em corpo.
Mas se esconde em sonhos, e (na) mente:
Chego a não saber o (por) quê (quem) sou.

Afinal, como é possível que tu possas ser,
tendo embalagem inodora, disforme, incolor?
Se não se explica, como podes fazer doer,
Inclusive quando sou intenso e inteiro riso?

Quero transmutá-lo em realíssimo tema,
Porém, não se mostra tal qual vidro à arte,
Seja no canto, palco, bar, vídeo ou poema.
Peço, apenas respondas: crias ou és criado?

Perdoa-me, não digas: fui deveras vulgar.
Se algum dia achar que sei como te chamar,
Será porque desisti e me entreguei ao iludir.
Assim, tola, serei uma crente que sabe de si.