Quando me penso resolvida em atriz
Pago pelo meu desdém por palavras.
Ansiando pelo despejo da cicatriz,
Deparo-me com o silêncio dos dedos.
O culpado és tu, caríssimo sentir!
Enquanto lágrimas embriagam a razão,
A felicidade ensurdece o bom senso.
Por que, então, não explica a que veio?
Se ao menos sussurrasse pistas sobre
nós,
Em par, falaríamos o que somos em
corpo.
Mas se esconde em sonhos, e (na) mente:
Chego a não saber o (por) quê (quem)
sou.
Afinal, como é possível que tu possas
ser,
tendo embalagem inodora, disforme, incolor?
Se não se explica, como podes fazer
doer,
Inclusive quando sou intenso e inteiro
riso?
Quero transmutá-lo em realíssimo tema,
Porém, não se mostra tal qual vidro à
arte,
Seja no canto, palco, bar, vídeo ou
poema.
Peço, apenas respondas: crias ou és
criado?
Perdoa-me, não digas: fui deveras
vulgar.
Se algum dia achar que sei como te
chamar,
Será porque desisti e me entreguei ao
iludir.
Assim, tola, serei uma crente que sabe
de si.